segunda-feira, 28 de julho de 2014

Pompílio de Possídio Coelho


“Também temos na vida ‘pôr de sol’
Há tardes calmas e manhãs serenas,
Auroras vivas, alvoradas belas
E também tristes noites não pequenas”.

Fragmento, CONTRASTES, Pompílio P. Coelho


Dr. Pompílio, como era conhecido, foi um médico, professor, poeta e político curaçaense (20 de setembro de 1911 – 01 de janeiro de 1984). Era filho de Carlota Coelho do Nascimento e Possídio Nascimento. É um dos vultos mais ilustres de Curaçá.

Em 1953, juntamente com outros intelectuais da época, organizou o Livro – alguns chamam de revista – do Centenário de Curaçá. Nele foram apresentadas três poesias de sua autoria: Partida da Felicidade, Contrastes e Adeus Meus Devaneios. Na ocasião a cidade comemorava os 100 anos de transferência da sede do Município e também da Paróquia. Durante anos contribuiu intelectualmente para o desenvolvimento local. A primeira maternidade de Curaçá foi batizada com o seu nome, assim como uma das ruas da cidade em homenagem e em reconhecimento aos serviços prestados à comunidade.

Como político exerceu o cargo de Prefeito do Município de Curaçá em duas oportunidades, de 1947 a 1950 e de 1971 a 1973. Também foi presidente da Câmara dos Vereadores na década de 60. Nas palavras do escritor patamuteense Walter Araújo, Dr. Pompílio foi um político com sólida estrutura social. Também atuou como professor no antigo Ginásio Municipal de Curaçá, o atual Colégio Ivo Braga. Inclusive fez parte do seleto grupo dos primeiros professores da referida escola, numa época em que estes não eram remunerados por suas atividades, pelo menos no seu início nos idos de 1963 a 1966. Faleceu em 1984 aos 72 anos de idade, deixando um enorme legado para os curaçaenses.


Santinho confeccionado pela Família Possídio. Foto: Acervo pessoal


Trecho de autoria do próprio Dr. Pompílio dedicado a um amigo que se foi. As mesmas palavras foram utilizadas pelos familiares na lembrança de sua morte:

“A matéria ancorou no porto extremo
Mas a alma prossegue o itinerário...
Imortal! Volta a Deus de onde proveio
Ao seio do ‘Divino Estatuário”.


O imortal só no Eterno tem princípio
Só o eterno – o imortal – pode criar
Volta o Princípio...então tu’alma boa
Vai em Deus descansar”.


História de Dr. Pompílio registrada por Walter Araújo Costa sem seu blog:

Coisas de Curaçá, coisas da juventude

Dr. Pompílio Possídio Coelho era médico e professor. Uma vez em conversa com os alunos do Colégio Municipal Professor Ivo Braga, no intervalo da aula de Português, disse que um pedaço de carne para ser bem digerido teria que ser mastigado quarenta vezes na refeição.

Um aluno espantou-se:
- Cada pedaço, professor?
- Sim, cada pedaço precisa ser mastigado quarenta vezes.

O aluno pensou e disse:
- Eita, e quem não tem dente!

Dr. Pompílio foi rápido:
- Então me diga: dente é um vocábulo oxítono ou paroxítono?
- Não sei, professor. Esse dente que eu mastigava a carne, caiu.

 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

De Cleuton a Kekê: um artista em mutação

Por Luciano Lugori
Kekê de braços abertos para o mundo. Foto: Luciano Lugori

Cleuton Cézar Ferreira Santos nasceu em 13 de janeiro de 1978 em Juazeiro-BA. Filho de Izabel dos Santos Ferreira e Adelar Nunes Ferreira, desde cedo – aos sete anos – enveredou pelas sendas do mundo artístico. O seu nome, segundo o próprio, foi escolhido por sua irmã, a professora Leda Ferreira. Já o apelido “Kekê” foi dado por seu irmão, Cláudio Roberto, conhecido como Kaká. 

As primeiras produções artísticas foram feitas em 1985 em folhas de caderno, as quais ele expunha nas paredes de seu quarto. No início dos anos 90, no auge das chamadas “galeras”, ele também criou a sua, “Ratos de Esgoto”, numa apologia aos esgotos da cidade, e foi o responsável pelas pinturas das camisas que representavam o grupo.

Em 1995 participou dos Bichos Escrotos, quando ajudou a compor as músicas “Conde Drácula”, marcada por sua risada sinistra, e “Mundo Virtual”, que fala de alguns “doidos” de Curaçá, além de fazer o desenho que virou símbolo da banda. Saiu de Curaçá pela primeira vez em 1997 quando foi morar no Projeto Fulgêncio, em Santa Maria da Boa Vista-PE. Por lá, conheceu Jaqueline Gomes, com quem teve seu primeiro filho, Cleuton Cezar Ferreira Santos Junior, que nasceu em 12 de janeiro de 1999, um dia antes de seu aniversário. Nesse mesmo período ele conheceu Clécia Maria Jatobá, com quem se casou e vive até os dias de h0je. Clécia é a mãe de mais dois herdeiros: Isabel dos Santos Ferreira Neta, num preito à sua mãe, e João Ezequiel Jatobá Ferreira, o “Dinossauro”. Kekê também é pai de Cleuton Fernando Oliveira Ferreira, filho de suas aventuras. 

Em 2001 retornou a Curaçá para trabalhar no Projeto Ararinha Azul. Também trabalhou na Logus Butiá em 2002. Em 15 de janeiro de 2003 partiu para o estado de Alagoas, onde morou durante cinco anos. Em Colônia Leopoldina criou com amigos a banda “Funeral Hell”, cover da banda “Sepultura”. Em Ibateguara trabalhou como monitor do PETI. Já na capital alagoana Maceió, prestou serviços pintando letreiros no Estádio Rei Pelé. Foi também em Alagoas, no ano de 2004, que Kekê começou a tatuar, incentivado pelos amigos Agamenon “Zunho” e Diego “Gel”. A partir dali começou a utilizar o “Kekê Tattoo” como nome artístico. 

Kekê tem levado o nome de Curaçá aos quatro cantos do país através de suas pinturas em telas, discos de vinil, telhas etc. Já participou dos programas Mosaico Baiano e Bahia Esporte, ambos da TV Bahia, do Globo Esporte nacional e deu várias entrevistas nas TVs, rádios e jornais locais. 

Recebeu em 2011 uma Moção de Aplauso da Câmara dos Vereadores de Curaçá – de autoria de Theodomiro Mendes – como reconhecimento do seu trabalho. Já foi perfilado e entrevistado pelos Jornalistas Juliano Ferreira, Luciano Lugori e Maurízio Bim, sendo tema de diversos trabalhos acadêmicos para Universidade do Estado da Bahia, a UNEB.

Vários artistas de renome no cenário nacional – e até internacional, como no caso da banda norte-americana Information Society que fez show na região – já foram pintados por suas mãos e com toda sua genialidade. No seu portfólio, entre tantos nomes, estão os de Pitty, Pouca Vogal, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Titãs, O Rappa, Lulu Santos, Djavan, Maria Gadu, Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo e Charlie Brow Jr. 

Recentemente organizou as exposições “Um olhar Veloso”, sobre Caetano Veloso, “Tamo aí na atividade” em alusão a Chorão, ex-vocalista do Charlie Brow Jr., “Ivete Sangalo: maravilhosa, linda e caliente” e “Fruto da Bola” em homenagem ao jogador juazeirense Daniel Alves.

Cleuton Cézar metamorfoseou-se em Kekê, Kekê Tattoo, Kekê di Bela. Este último, que lembra sua mãe, Bela de Calango, é o que mais tem sido utilizado e difundido pela mídia local na divulgação de suas exposições artísticas, apesar de assiná-las apenas como Kekê. 

Hoje, Curaçá recebe a exposição “Simplesmente, Herval Félix”, num tributo ao professor, político, poeta e vaqueiro curaçaense. Uma homenagem justa a um homem simples e sábio que durante anos destilou-se em inteligência e contribuiu para enriquecimento cultural de seu povo.