Existem
pelo menos cinco registros oficiais da passagem do “rei do cangaço” pelas
bandas de Curaçá. Os periódicos pernambucanos A Província e o Jornal do
Recife publicaram em suas páginas, entre as décadas de 20 e 30, várias proezas
do bando de Virgulino no território curaçaense. Em setembro de 1926, na matéria
mais antiga encontrada na pesquisa, a imprensa registrou a “incursão do bandido, com seu sinistro grupo,
no território baiano, depredando o município de Curaçá”. Outros quatro episódios
de Lampião foram publicados por esses mesmos jornais em agosto de 1929, fevereiro
de 1930, agosto de 1931 e novembro de 1933. Certamente, o anti-herói nordestino
perambulou mais vezes pelo sertão de Curaçá, aterrorizando seu povo e reptando
as leis.
Na
matéria intitulada “A supremacia do
cangaço”, publicada do Jornal do
Recife, em 18 de Agosto de 1931, o autor do artigo Estevão Soares cobra veementemente
do governo ações mais enérgicas e dos homens mais coragem para combater aquilo
que ele avocou de “façanhas praticadas pelo
célebre bandoleiro Lampião e seus sinistros sequazes”. No mesmo texto,
aparece mencionado mais uma passagem da “fera sertaneja” por Curaçá, onde
assassinou 12 pessoas, dentre elas, o tabelião Domiciano Pereira, que foi
brutalmente esquartejado.
As
publicações “O fantasma pavoroso dos
sertões: novas e tremendas façanhas de Lampião e sua gente” e “Lampião na Bahia”, ambas do Jornal do Recife, noticiaram a selvageria
dos cangaceiros em algumas cidades baianas. Leonardo Motta, autor da segunda
crônica, registrou a presença de Virgulino na região Várzea da Ema, em 29 de
Junho de 1929, onde assaltou fazendas, incendiou casas e matou a faca cento e
sessenta e oitos ovelhas que encontrou presas num curral. Na ocasião, o
cangaceiro foi perseguido por policiais do Uauá, mas conseguiu escapar da
emboscada. Lampião pernoitou em Poço de Fora no dia 30 de Junho de 1929 e depois
partiu com o seu séquito caatinga adentro.
Trecho do Artigo "NOVAS NOTÍCIAS VELHAS"
Vilas de Pambú, Bom
Jesus da Boa Morte, Capim Grosso e Curaçá na imprensa baiana e pernambucana e em
outros documentos oficiais (1816-1933)
Luciano Lugori