quarta-feira, 27 de maio de 2015

O fantasma pavoroso dos sertões: a presença de Lampião e seus sequazes em terras curaçaenses (1926-1933)

Existem pelo menos cinco registros oficiais da passagem do “rei do cangaço” pelas bandas de Curaçá. Os periódicos pernambucanos A Província e o Jornal do Recife publicaram em suas páginas, entre as décadas de 20 e 30, várias proezas do bando de Virgulino no território curaçaense. Em setembro de 1926, na matéria mais antiga encontrada na pesquisa, a imprensa registrou a “incursão do bandido, com seu sinistro grupo, no território baiano, depredando o município de Curaçá”. Outros quatro episódios de Lampião foram publicados por esses mesmos jornais em agosto de 1929, fevereiro de 1930, agosto de 1931 e novembro de 1933. Certamente, o anti-herói nordestino perambulou mais vezes pelo sertão de Curaçá, aterrorizando seu povo e reptando as leis.


Na matéria intitulada “A supremacia do cangaço”, publicada do Jornal do Recife, em 18 de Agosto de 1931, o autor do artigo Estevão Soares cobra veementemente do governo ações mais enérgicas e dos homens mais coragem para combater aquilo que ele avocou de “façanhas praticadas pelo célebre bandoleiro Lampião e seus sinistros sequazes”. No mesmo texto, aparece mencionado mais uma passagem da “fera sertaneja” por Curaçá, onde assassinou 12 pessoas, dentre elas, o tabelião Domiciano Pereira, que foi brutalmente esquartejado.

As publicações “O fantasma pavoroso dos sertões: novas e tremendas façanhas de Lampião e sua gente” e “Lampião na Bahia”, ambas do Jornal do Recife, noticiaram a selvageria dos cangaceiros em algumas cidades baianas. Leonardo Motta, autor da segunda crônica, registrou a presença de Virgulino na região Várzea da Ema, em 29 de Junho de 1929, onde assaltou fazendas, incendiou casas e matou a faca cento e sessenta e oitos ovelhas que encontrou presas num curral. Na ocasião, o cangaceiro foi perseguido por policiais do Uauá, mas conseguiu escapar da emboscada. Lampião pernoitou em Poço de Fora no dia 30 de Junho de 1929 e depois partiu com o seu séquito caatinga adentro.


Trecho do Artigo "NOVAS NOTÍCIAS VELHAS" 
Vilas de Pambú, Bom Jesus da Boa Morte, Capim Grosso e Curaçá na imprensa baiana e pernambucana e em outros documentos oficiais (1816-1933)
Luciano Lugori